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O chamado vem cedo: a descoberta e a coragem de se entregar à missão

Rose Martin nasceu durante uma das piores crises financeiras dos Estados Unidos, a Crise de 1929 – ou Grande Depressão. Não bastasse o colapso que o país já enfrentava, dez anos depois se deu início a Segunda Guerra Mundial, fazendo com que ela, seus pais e onze irmãos buscassem meios para sobreviver apesar dos tempos difíceis. Energia elétrica, hoje presente em tudo no mundo moderno, naquela época era artigo de luxo, tornando o acesso possível à família de Rose apenas no ano de 1948.


Segunda filha mais velha, aos cinco anos Rose recebeu uma vara de pescar e uma pequena enxada para ajudar o pai em seus trabalhos no jardim, homem agricultor e caçador, apaixonado por natureza. A menina adorava aprender com o pai e, aos poucos, foi descobrindo todos os nomes de insetos, pássaros e animais que encontrava pelo jardim, e até fazia enterro para os que tinham morrido. Desde essa época, a sensibilidade e olhar para o amor fraterno já faziam parte de sua vida, mesmo em meio ao caos.


Desde muito cedo, já queria ser missionária e trabalhar em prol dos outros. Quando criança, ia à missa e se sentava no banco à frente das Irmãs da Congregação das Irmãs de São José de Chambéry, e relembra a emoção do dia que foi chamada para se sentar com elas. “Adorei quando me convidaram para sentar com elas. Eu queria ser missionária desde a infância!”, relembra.


Nesse período de descoberta da sua vocação, ainda muito jovem, ela conheceu a missão da Association of the Holy Childhood (Associação Pontifícia da Infância Sagrada), uma associação católica de missões estrangeiras com o objetivo de promover conscientização de crianças sobre a natureza missionária da Igreja.


Ela viu na associação o cartaz “Salve um bebê” e relembra “Era exatamente isso que eu queria fazer! Ajudar as famílias”.


Ainda no ensino médio, em Indiana – EUA, foi incentivada a entrar em contato com a Irmã Kathryn Marie, que a convidou para se mudar de sua terra natal e se tornar uma Irmã também. E foi assim que, em 1953, Rose recebeu o hábito e um novo nome: Irmã M. Rose Martin. Sua primeira missão seria na América Latina.


Passou alguns anos ensinando crianças e adolescentes e em 1959 foi convidada por Kathryn Marie, então madre superior, a se preparar para mais uma missão estrangeira. Concluiu seus estudos em Biologia, Teologia e Educação e em 1961, depois de uma viagem de navio de 12 dias, desembarcou no Brasil para mais uma etapa de sua jornada de missionária.


No Brasil, sua missão era ajudar pessoas a terem seus direitos básicos garantidos. “Eu estava envolvida com um programa do governo para acabar com o analfabetismo e obter documentos pessoais para todos. Tive 82 grupos em igrejas, garagens, varandas e quintais, com sessões alternadas de manhã, tarde ou noite”, conta. Nessa época ela morava em São Paulo e atuava no Colégio Santa Maria, que cresceu rapidamente e se tornou um dos melhores e mais completos complexos educacionais da cidade.


Em 1973, foi enviada em missão ao Paraná, onde a Igreja começou a Pastoral da Terra, que buscava auxiliar a população ao direito de acesso à propriedade. Foi um período de muita insegurança e confrontos com proprietários de terras. “Nessa época, também iniciamos aulas de alfabetização e formamos grupos de mulheres. Nestes 47 anos aqui no Paraná, documentamos e assentamos aproximadamente 14 mil famílias que agora podem se sustentar”, relembra.


Foi uma vida inteira dedicada a servir o próximo. Desde criança, quando cuidava com delicadeza e apreço do jardim de seu pai até a entrega a missões estrangeiras para defender direitos e disseminar a palavra de Deus.


Texto| Marina Ferreira

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