A vocação é um chamado, que só escuta quem tem discernimento para voltar a atenção a si próprio e ao mundo ao redor. A busca pelo desenvolvimento da espiritualidade dia a dia é um processo fundamental para quem está trilhando a jornada vocacional e pretende ser uma ferramenta dos ensinamentos de Deus em sua comunidade.
Mas como é possível ampliar o espectro após a descoberta da vocação e passar a usa-la para realmente fazer a diferença na vida das pessoas ao redor? Como olhar para questões do mundo atual que estão em conflito com os ensinamentos de Deus e fazer sua parte para muda-las?
O Papa Francisco, em vídeo-mensagem enviada aos juízes e juízas dos continentes africano e americano em 2020, disse: “Temos que assumir que nos acostumamos a ‘deixar de lado’, ignorar situações, até mesmo aquelas que nos atingem diretamente. O compromisso incondicional é nos responsabilizarmos com a dor do outro e não resvalar para uma cultura da indiferença - esta, do cotidiano de virar a cara”.
O primeiro passo dessa responsabilidade é dado no início do discernimento vocacional. Não importa em qual área você desperte sua vocação: na saúde, na educação, na religião; o que importa é a noção do papel desempenhado por cada um no momento em que Deus faz o chamado.
Enfrentar situações de injustiça e ódio faz parte do cotidiano de todos, principalmente nas grandes cidades. Para fazer a diferença, é preciso abrir os olhos diante dessas situações e atuar na prática para enfrenta-las.
Por exemplo, a pessoa que descobriu sua vocação na área da saúde ou da educação, deve ter paciência, ternura e compaixão para lidar com a dor do outro, seja no aprendizado, seja na doença.
E é esse o compromisso que fala o Papa, é nadar contra a corrente da cultura do descaso e da indiferença e realmente se questionar “no meu lugar, o que Jesus faria?”. A cada vez que o “deixar de lado” te incomodar, faça algo e sinta-se responsável pelo outro como se estivesse ajudando a si próprio.
A solidariedade e fraternidade se encontram em todas as vocações, e é preciso sair da zona de conforto, do que é mais cômodo, para olhar com atenção para a dor do outro e entender, que, como irmãos, a dor também é um pouco de cada um de nós.
Texto| Marina Ferreira
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