Dados levantados pela ONG Visão Mundial apontam a existência de 70 mil crianças e adolescentes em situação de rua em todo o Brasil. Em São Paulo, 1.800 crianças vivem nas ruas da cidade, e 900 delas, estão espalhadas pela região central.
Além da fome, os menores enfrentam diversos tipos de violações de direitos, como a violência policial, a falta de acesso à serviços básicos de educação e saúde, e a suscetibilidade à prostituição, abusos sexuais e ao tráfico de drogas.
Ao considerar essa situação de negligencia por parte do Estado com relação ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é que o Instituto das Irmãs da Santa Cruz (IISC) decidiu apoiar o projeto “Reconstruindo Laços”, dirigido pela Associação de Apoio as Meninas e Meninos da Região da Sé, que infelizmente é o único projeto que atende esse público em São Paulo.
A Associação atende crianças e adolescentes em situação de rua na região central da cidade. Através das abordagens nas ruas e de oficinas pedagógicas, o projeto visa a ampliação do vínculo de confiança com os meninos e meninas, para entender melhor as suas histórias de vida, tais como sofrimentos e anseios.
Busca sempre auxiliá-los na construção de alternativas que possibilitem a superação das diversas situações de violência na qual se encontram.
Através do atendimento psicossocial e pedagógico, além da orientação jurídica, a Associação luta sempre pela garantia dos direitos dessas crianças e adolescentes.
Segundo Everaldo Oliveira, coordenador geral do Reconstruindo Laços. A parceria com o IISC foi e é fundamental para o desenvolvimento do projeto. A identificação com as linhas de atuação do Instituto possibilitam um fortalecimento da causa em defesa dos Direitos Humanos das crianças e adolescentes.
“Queremos salientar que nos últimos anos, houve um desmonte das políticas públicas voltadas para as crianças e adolescentes em situação de rua na cidade de São Paulo. Hoje nós somos o único espaço de convivência que atende semanalmente estes meninos e meninas. A manutenção deste espaço só é possível graças ao apoio do IISC. O apoio financeiro garantiu a manutenção e ampliação do atendimento a este público”, explica Everaldo.
Com a crise em que atravessa o país, diante de uma política social enfraquecida e chefes de Estado que cultuam a violência, essas crianças estão cada vez mais sujeitas a criminalização de seus corpos.
Colocando-as vítimas de ações higienistas da prefeitura e de outros agentes públicos do centro da cidade.
“Teve um fato, em que os meninos foram tirados a força do Vale do Anhangabaú e correram para a Praça da Sé, dormiram escondidos nas escadas da Catedral. Vieram aqui e falaram: Ainda bem que vocês estão aqui. Estão querendo matar a gente! Então, esse sentimento de abandono, de falta de referência e apoio, quando eles recorrem a Associação, recorrem ao nosso trabalho e ao nosso projeto, é porque eles tem plena certeza de que estamos aqui para acolhe-las, defende-las e lutarmos, cada vez mais, para garantir os seus direitos. Isso só é possível graças ao apoio do Instituto, que nesse momento é o nosso principal parceiro no trabalho com esse público”, expõe o coordenador
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