Existem pessoas que parecem já nascer com uma missão. Pessoas que desde criança já despertam o olhar para alguma questão ou demonstram algum dom de maneira totalmente natural, e que pode ser determinante para seu futuro e sua vida.
A inclinação para a defesa da justiça e dos Direitos Humanos começou muito cedo na vida de Michael Mary Nolan. Nascida em Washington, EUA, numa família ativa política e socialmente, ainda muito nova ela já estava inserida em um contexto de busca por igualdade.
Durante sua vida escolar, no primário estudou com as Irmãs de São José de Chestnut Hill e com as Irmãs da Santa Cruz no colegial. Nessa época já pensava em seguir o exemplo das missionárias e descobrir sua vocação religiosa. Ela já sabia que sua atração era voltada à defesa dos direitos dos mais vulneráveis e justiça social.
Se formou em Administração de Empresas e Ciências Sociais nos Estados Unidos e depois veio para o Brasil. Uma de suas primeiras missões foi na Paróquia de São José, no Jaguaré, em São Paulo, onde ela trabalhava com os Padres da Santa Cruz. Segundo ela, naquela época, a paróquia incluía a maior favela da cidade. “Os Padres tinham um senso crítico da situação e exerciam um trabalho libertador”, relembra.
Em 1978 atuava como coordenadora do trabalho social no Jaguaré e foi convidada a ser membro da Comissão Arquidiocesana dos Direitos Humanos e Marginalizados de São Paulo. Ela era uma das duas únicas mulheres presentes na comissão.
Nos anos 1980 ela voltou para a faculdade, dessa vez para cursar Direito na PUC-SP. Desde então trabalha como advogada criminal representando as populações mais vulneráveis da sociedade. Sua atuação é reconhecida nacional e internacionalmente, sendo sua imagem um forte ícone quando o assunto é a defesa dos direitos humanos no cenário carcerário.
Durante os cinquenta e dois anos de missão no Brasil como missionária e advogada, ela relembra o texto bíblico que fundamentou sua vocação e jornada ao longo de seu trajeto. A passagem é de Miqueias 6:8, que diz “praticar a justiça, amar a misericórdia e caminhar humildemente com seu Deus”.
Sua vocação vem sendo fortificada desde a descoberta de sua missão, há muitos anos. “A Congregação sempre encorajou cada irmã a encontrar a espiritualidade que mais permitia a ela praticar o carisma da congregação e de fazer isto no campo que mais permitia que ela usava seus próprios dons”. E seu dom, todos sabemos, ela pratica muito bem.
Texto| Marina Ferreira
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