Acolher o outro é um dever de todos nós
Fome. Guerra. Perseguição cultural e religiosa. São muitos os motivos que forçam pessoas a saírem de sua terra natal e ir em busca de refúgio em outros países. A situação dos refugiados ganhou grande destaque nos últimos anos e lançou luz à violação de direitos humanos, à fome e à guerra, e como nós, nações que não enfrentam esses problemas, podemos e devemos agir para promover o desenvolvimento social de todos, independentemente da nacionalidade.
Desde o início da crise dos refugiados, o mundo inteiro vem acompanhando cenas chocantes de crianças mortas e famílias separadas na tentativa de atravessar oceanos e territórios em busca de uma vida melhor. A fé das pessoas que fogem de seus países de origem é a possibilidade de sobreviver, de recomeçar a vida longe das zonas de perigo, e a única alternativa é encontrar outros países que possam servir de refúgio.
E o que encontram nesse novo país, muitas vezes, são portas fechadas. Diversas nações ao redor do mundo se negam a receber refugiados. Os motivos que apresentam são muitos, porém inconsistentes se pensarmos no ponto principal da questão: sobrevivência de seres humanos.
Quando lemos e assistimos vídeos de relatos de refugiados, em muitos deles há algo em comum: ninguém quer sair do país onde nasceu e construiu sua vida, onde estão seus costumes e cultura. Mas são situações adversas, que fogem de seu controle, que os forçam a escapar simplesmente para que continuem vivos. O preconceito e xenofobia permeiam essa discussão e nos fazem refletir sobre como nações do mundo todo preferem defender seu território à uma vida humana.
Mas o fato é: as pessoas fogem para sobreviver. O foco principal deve ser sempre a vida. Idosos, crianças, homens e mulheres que precisam de liberdade para existir sem medo de morrer e consigam praticar quaisquer que sejam suas crenças, cultura e religião.
O acesso à moradia, educação e saúde é um direito humano, portanto, se existe alguma parcela da população mundial que não está sendo assistida e outras têm a possibilidade de oferecer, por que não?
Todos querem uma vida digna, de trabalho e saúde para si e para sua família, e não importa a nacionalidade. Todos somos seres humanos, portanto, devemos olhar para o outro como nosso semelhante e pensar, “se fosse eu no lugar dessa pessoa, como eu gostaria de ser tratado se me encontrasse nessa situação?”
Segundo dados da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), “conflitos e perseguições obrigaram mais de 80 milhões de pessoas em todo o mundo a fugir de suas casas”. E a tendência é que os números continuem crescendo, uma vez que as guerras e conflitos continuam ganhando escala. É algo que não irá voltar atrás, e as nações precisam de medidas mais humanas no tratamento da questão.
Brasil
De acordo com o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), o Brasil reconheceu, em 2019, que o país abrigava 31.966. Entre os refugiados reconhecidos pelo Estado brasileiro, o maior número é de venezuelanos, seguidos dos sírios e congoleses.
Ao reconhecer os refugiados que vivem aqui, o Estado brasileiro tem responsabilidade de adotar medidas que incluam essas pessoas em políticas públicas de acesso à moradia, segurança, saúde e trabalho.
É dever do Estado realizar e incentivar práticas que visem o desenvolvimento social do país, o que inclui todos que vivem nele. Mas é dever da população adotar práticas que visem acabar com o preconceito e a xenofobia enfrentados pelos refugiados.
Usar discurso de ódio contra pessoas de nacionalidades diferentes é extremamente prejudicial para qualquer indivíduo, especialmente aquele inserido em um país e cultura totalmente diferente daquela que costumava ter.
Como cidadãos, devemos acolher, entender a situação do outro e olhar com seriedade a situação dos refugiados. Perceber que o outro é semelhante a nós, mesmo que diferente em cultura, crença e religião, nos dá a possibilidade de fechar as portas para o preconceito e a xenofobia.
A inclusão dos refugiados é um dever de todos.
Texto| Marina Ferreira
Agência Maat
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